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[TRANSPORTE] Passarinho Exige Respeito ao Trabalhador do Sistema Complementar de Transporte em Olinda

Dirigir e cobrar, duas funções acumuladas por um único trabalhador explorado: o ‘motorista-cobrador’ do Sistema de Transporte Complementar de Olinda. A redução de custos com mão-de-obra, através da acumulação de ofícios pelo trabalhador, torna-se ingrediente que propicia a maior lucratividade dos empresários, apesar das evidentes violações aos direitos trabalhistas. 

A precarização no mundo do trabalho deve-se ao conflito de interesses entre as classes sociais: de um lado estão os trabalhadores que visam a melhores salários e condições de trabalho, do outro se encontram os empresários que buscam lucros maiores e acúmulo de riquezas. Esse processo de precarização ampara-se no desemprego estrutural, provocado pela falta de especialização e a super exploração do trabalho, e resulta em mão-de-obra barata e instabilidade de emprego. Isso, em outras palavras, resume-se à expressão do poder de patrão “Se está insatisfeito com o trabalho e salário, há outros que dele necessitam!”. 

Tal poder do empregador, mais recentemente, quando na paralisação geral dos motoristas e cobradores, mostrou-se na ameaça da perda do emprego àqueles que persistissem em apoiar a continuidade da greve. Evidentemente, há maneiras várias de apresentar-se, de modo que tenta parecer normal, como no assédio sexual e moral no trabalho. Porém, sujeitos conscientes de seus direitos, ou mesmo sensíveis às flagrantes situações de exploração do trabalho, indignados levantam-se a gritar e lutar com fervor. 


“Gostaria de saber se alguém está incomodado com essa história de motoristas do complementar dirigir e cobrar passagem ao mesmo tempo? Isso atrasa a viagem, fora os riscos de acidentes de trânsito ser bem maiores, sei que isso é proibido por lei. Já fiz uma denúncia à CTTU e nada fizeram. Se todo mundo se reunir, é claro que a providência logo será tomada”, desabafa Luciene Oliveira, moradora da Vila Nossa Senhora da Conceição. 


A Cooperativa de Permissionários de Transporte Complementar de Pernambuco (Cootraol) vergonhosamente submete os motoristas a condições indignas de trabalho, conforme relatadas acima por uma usuária. Por todo o trajeto, o motorista deve responsabilizar-se pela condução do veículo, e ainda cobrar passagens e passar troco, obviamente sem receber um salário cumulado em correspondência ao exercício da função de ‘motorista-cobrador’. Em cada parada, com a entrada de passageiros, seguem-se em tempos o pagamento de passagens ao motorista, mas o trânsito crescente e o estreitamento das vias ruas e avenidas, exige igualmente do condutor do veículo atenção redobrada. Por vezes, alguém já deve ter sido testemunha de situações de perigo ou ofensas ao motorista, devido à sobre-humana carga de trabalho. 

Por fim, reafirma-se que a exploração do trabalho é algo que toca a todos, dado o seu caráter de violação à dignidade humana. Pressionemos a Cootraol a cumprir os direitos assegurados aos trabalhadores, de modo que possamos usufruir de um transporte público de qualidade, esta avaliada não somente em aspectos materiais, mas também a própria condição humana na prestação dos serviços. 
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